DHM: o grupo hoteleiro português que recupera hotéis falidos
Seguramente que já ouviste falar na “tese” de que a palavra crise significa oportunidade. Em todo o caso, a crise imobiliária é o embrião de algumas ideias de negócios que dão força a esse cenário, como por exemplo o nascimento do grupo português Discovery Hotel Management (DHM). “A nossa história é uma história de regeneração. Todos os hotéis que pertencem ao grupo eram hotéis falidos, alguns em construção, outros que fecharam durante a crise. Faz parte do nosso ADN: construímos e renovamos ativos existentes. O que a empresa fez foi agrupar todos os hotéis, recuperá-los e abri-los. Hoje empregamos 1.300 pessoas”, explica Filipe Bonina, diretor de marketing do grupo.
Atualmente, o grupo DHM gere 18 hotéis, cinco campos de golfe e 11 empreendimentos imobiliários. O grupo pertence a um fundo de investimento, o Discovery Portugal Fund, que é proprietário dos ativos. Os hotéis têm ao todo 1.546 camas e no ano passado faturaram 65 milhões de euros.
Os hotéis do grupo estão agrupados em duas marcas, Hotels & Resorts e Octant, esta última de categoria premium.
O que há de especial nos hotéis Octant, o que os distingue?
São hotéis boutique, relativamente pequenos e sobretudo muito integrados com a região onde estão localizados. E essa é a componente mais importante da marca. É proporcionar aos hóspedes uma experiência muito local. E isso vê-se na gastronomia, na decoração, na integração com a paisagem, que é muito harmoniosa, e naquilo a que chamamos de luxo da liberdade. Implementámos este conceito que se materializa no facto, por exemplo, de não haver horário para tomar o pequeno-almoço. É possível tonar quando se quiser. As piscinas não têm horários, estão abertas 24 horas por dia, e o check out é muito flexível. São oito os hotéis que funcionam com esta marca.
A que se deve a criação desta marca, nasceu com que objetivo?
O objetivo com a Octant era criar uma identidade para um grupo de hotéis. Tínhamos clientes que nem sabiam que este hotel pertencia a um grupo e como tínhamos um conjunto de características comuns, o que fizemos foi acentuar os padrões de serviço, a oferta, para que ficassem com o mesmo nível de serviço. O octante é um instrumento de navegação, escolhemos esse nome porque se diz da mesma forma em várias línguas, não queríamos um nome inglês, sobretudo para hotéis que prometem algo local, e também há uma relação com a história marítima de Portugal.
Alguns dos hotéis são edifícios históricos?
Sim, vários, um é um palácio do século XVII, por exemplo, e consta que Wellington dormiu ali durante as guerras com o exército napoleónico. Pertenceu a uma família nobre que posteriormente o vendeu. Recuperámos o imóvel, que estava falido, e sempre com muito cuidado e em sintonia com a entidade portuguesa que faz a regulação e gere os imóveis de interesse cultural. Outro exemplo é a unidade das Furnas, nos Açores: o edifício onde se encontra o hotel era uma estância termal pública, numa zona termal vulcânica. Esse edifício também foi recuperado respeitando o que era a traça original e a planta arquitetónica original.
Que balanço faz da ocupação, no geral, dos hotéis do grupo no ano passado?
Correu muito bem. Recuperámos e tivemos um ano superior, em termos de ocupação, ao de 2019, antes da pandemia.
De onde são os clientes/hóspedes?
A maioria são portugueses, mas temos muitos britânicos, alemães, espanhóis e agora, recentemente, americanos.
Está prevista a abertura de algum hotel em Espanha?
Neste momento não, o que estamos a fazer é consolidar o negócio em Portugal.
"A procura por parte de portugueses tende a diminuir este ano. Já o estamos a notar. Por outro lado, há um crescimento bastante forte de mercados como Brasil e EUA"
Como antecipa que pode ser este ano, em termos turísticos, para Portugal?
Incerto. De uma coisa sabemos, a procura por parte de portugueses tende a diminuir este ano. Já o estamos a notar. Por outro lado, há um crescimento bastante forte de mercados como Brasil e EUA.
Que vantagens Portugal tem como destino turístico face aos países vizinhos, como Espanha?
Há uma grande vantagem, que é o facto de ainda ser muito desconhecido. Há muita gente que nunca esteve em Portugal e isso é um potencial. Portugal está a descobrir-se e a abrir-se ao mundo. Além disso, Portugal é um país que, apesar de ser um território pequeno, é muito diversificado. O sul não tem nada a ver com o norte. O interior nada tem a ver com o litoral. Assim podemos oferecer aos visitantes e/ou hóspedes paisagens diferentes, gastronomia diversificada, hábitos muito distintos. E isso permite desfrutar de férias muito diversificadas.
Há muitos hóspedes espanhóis a frequentar os hotéis do grupo DHM?
São menos do que gostaríamos, mas o interesse está a crescer e esperamos que se torne um dos principais mercados. O mesmo acontece com os portugueses que visitam Espanha, o número também está a aumentar.
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Source: Idealista